Tempos perdidos!

As palavras fora de contexto podem gerar – independente do lado em que seus emissores estejam – dor, sofrimento, ódio… O engraçado – e não me impressiona – é que nesses casos que temos visto, tais ações partam daqueles puritanos que se dizem seguidores de Deus, amantes de Jesus Cristo e que desejam, a qualquer custo, desfrutar do paraíso; acho, contudo, muito contraditório, já que o repúdio dessas classes vai de encontro ao que fora pregado por semelhantes figuras, cujas palavras são desvirtuadas pela cegueira decorrente de seus fanatismos. Ainda mais contraditório é, por conta de suas fobias, se dirigirem, de modo inescrupuloso, pregando a violência gratuita a todos que não partilham de suas visões de mundo, agindo de modo similar ao praticado pelos algozes que açoitaram as minorias cujos líderes, hoje aclamados, fizeram parte. Não há amor que possa explicar tantas perseguições, violências e desmandos. Se isso é o amor irrestrito ao próximo, pregado por muitas instituições, agradeço por minha posição agnóstica, pois me envergonharia defender tais afrontas contra a liberdade humana. Amo à minha maneira, e nela me completo. Faça o mesmo!

Não há necessidade de pensarmos o mundo da mesma forma, há, pois a necessidade de convivermos respeitando o espaço alheio, a cultura alheia, os credos alheios e a natureza de cada um. Dentro de minha cabeça, sou livre para ser o que quiser, mas em meio à sociedade, é preciso que conviva cordialmente com aqueles cujas idéias, sob meu ponto de vista, não fazem sentido. Esse país, não é católico, tem a maioria católica. Não quero pensá-lo como católico, ou evangélico, ou espírita, ou preto, ou branco, ou gay, ou hetero, quero pensá-lo como brasileiro civilizado.

Eduardo Candido Gomes

Lamentável!

Kevin Douglas Beltran Espada

Kevin Douglas Beltran Espada

Você tem 14 anos e nutre uma paixão muito forte por algo, digamos que seja um esporte, apenas a titulo de ilustração, digamos que esse esporte seja o futebol; o clube que lhe encanta por suas cores, por suas tradições, por seus jogadores vai a campo para disputar uma partida, contudo não é uma partida qualquer, mas a de estreia no torneio internacional mais importante do continente, contra o atual campeão desse mesmo torneio. Nessa fase da vida, tudo ainda é mágico, você não está preocupado com corrupção, com lavagem de dinheiro, com resultados arranjados, com interesses outros há muito presentes nos bastidores dos esportes de alto rendimento, você deseja apenas ver a grama verde, o vento acariciando o tecido da bandeira de escanteio, o aquecimento dos atletas, a movimentação em campo, a bola rolar, …, e imaginar que seu nome um dia será bradado pela torcida, que hoje você integra, após gols de placa sonhados em finais de campeonato.

Bem, você implora, suplica, diz que será um bom aluno, que lavará a louça durante todo ano, que levará o cachorro para passear sem que tenham de lhe pedir, que não brigará mais com sua irmã por conta da televisão, …, até que seu pai, diante de tanta insistência e promessas, aceita levá-lo – existem poucas coisas que passam de pai para filho, uma delas é esse tipo de amor –.

Você sabe e sente que essa quarta-feira será deliciosa e inesquecível.

Chegam ao estádio!

Seu pai orgulhoso e emocionado mostra todo o ritual que envolve uma partida; vê o brilho em seus olhos, sua atenção a cada detalhe, sua satisfação e seu prazer por um sonho que saíra do abstrato para ser parte integrante de sua memória pré-adolescente.

O árbitro apita e a partida começa.

O time visitante assusta logo no começo do jogo, mas você continua encantado com aquela atmosfera, com aquela multidão cantando, com os repórteres, atrás dos gols, trabalhando, com os técnicos, em suas áreas especiais, orientando seus times, com os jogadores se deslocando em busca de brechas para chegar ao gol adversário, tudo isso ocorrendo simultaneamente, como magia pura; você reconhece seu ídolo em campo e cutuca seu pai para mostrá-lo, você está extasiado…

Os minutos avançam e no meio do concerto surge um clarão seguido de um estampido, de uma forte ardência e de sangue. Você se sente mal e cai. Começa a ficar confuso e vê que o medo substituiu a alegria presente nos olhos de seu pai. Você tenta permanecer acordado, mas dorme enquanto ele assiste, em choque, aos sonhos da juventude serem embalados por um caixão, sonhos agora desfigurados por alguém que nunca o viu, que não sabe seu nome, que não conhece suas preferências, mas que o teve como inimigo a ser odiado e aniquilado por amar outras cores.

Eu estou com vergonha de torcer pelo futebol!

Eduardo Candido Gomes

Verossímil

Os templos

estão antigos

e as palavras velhas.

 

Dizeres de pedras

atirados no grito

que se escancara

pelas ruas de gente,

natureza de rochas,

vivências de conchas

para fundir bocas de fogo.

 

J. Camelo Ponte

Sensações

Felicidade é nada sem seu paradoxo, por ele é rara, desejada, avassaladora, por ele é garimpada com os cuidados daquele que ambiciona o prêmio maior (…) sofisticado equilíbrio em que o menos nunca o é, e o mais é sempre efêmero.

Eduardo Candido Gomes

O silenciar dos sinos

A perplexidade tomou conta da comunidade católica carmelita da Bela Vista em São Paulo.

Os sinos da Basílica de Nossa Senhora do Carmo foram silenciados. Calou-se o símbolo da Boa-Nova. O som que prenuncia a memória do Santíssimo Sacramento no bairro, há mais de 70 anos, foi sumariamente interditado em menos de três meses.

Quando nós, católicos, estamos diante de uma situação difícil, nós nos perguntamos como Jesus agiria nesse momento. Ao que Ele nos responde: “Perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem”.

As badaladas recordam aos cristãos o nascimento e a ressurreição de Cristo, a vida eterna, revelada pelo sacrifício do Salvador.

O soar dos sinos é uma alegria, faz parte da celebração da vida!

É Natal! Vamos todos nos confraternizar ao redor do anúncio da chegada do Menino Jesus:

Bate o sino pequenino, sino de Belém

Gingle bells, gingle bells, gingle all the way…

Ao soar o sino, sino pequenino,

Vem o Deus-Menino nos abençoar…

 

Mônica d’Almeida